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Vai morar junto? Estabeleça regras.

Banheiro

VAI MORAR JUNTO COM O NAMORADO? MESMO AS UNIÕES INFORMAIS FUNCIONAM COMO UMA SOCIEDADE. O CLIMA DE ROMANCE PODE ATÉ DURAR MAIS QUANDO SE PERDE A VERGONHA DE FALAR SOBRE GRANA, DIVIDIR TAREFAS DOMÉSTICAS E ESTABELECER LIMITES

Por: Regina Terraz
Foto: Sara Ramo

“O que você prefere, lavar louça ou limpar banheiro?” Foi com essa romântica frase que Maurício Santana, 23 anos, foi acordado pela namorada Aline Aiba, 23, no meio da tarde. Depois de duas semanas morando juntos, a estilista teve um ataque de fúria. Queria botar ordem no apartamento – a qualquer custo. E enquanto Maurício tentava recobrar os sentidos, Aline chacoalhava uma tabela de tarefas domésticas na sua frente.

Quando Maurício se mudou para o apartamento de Aline, há três meses, ela achou que a divisão dos trabalhos seria natural. Mas começou a ficar estressada por ter de fazer tudo sozinha. “Então tive a ideia da tabela”, conta a estilista. No papel ficou tudo lindo, cada um com uma função. No dia-a-dia, a coisa não rola assim tão bem… “A divisão não funciona 100%, acho que nem 50%”, admite Maurício, que trabalha de madrugada como analista de sistemas e de dia como fotógrafo. “Sei que tenho tarefas, mas às vezes preciso optar entre dormir ou varrer a casa”, defende-se.Para quem está pensando em juntar os trapinhos, uma discussão do tipo “quem põe o lixo para fora” pode parecer uma piada. Afinal, um amor é capaz de superar pequenos problemas do cotidiano, não é? Há controvérsias… Terapeutas de casais são unânimes em afirmar que boa parte das brigas ocorre por questões práticas, o que pode fazer o encantamento desandar.

Vai morar junto? Estabeleça regras É como um contrato Faça um test-drive

É como um contrato

Juntos há três meses, as tarefas domésticas ainda são foco de conflito para Aline e Maurício. Mas nada que beijinhos e afagos não resolvam

O psicanalista Francisco Daudt compara: “Quem procura um amigo para rachar um apartamento costuma fazer com ele um bom contrato. Quem faz o quê, o dinheiro… Isso facilita a convivência. Quem se ama e vai morar junto acha que ‘tudo vai dar certo’ e não faz acordo nenhum. É um erro. Sugiro seguir o exemplo dos amigos”.

Um dos mais consagrados estorvos para viver um grande amor na vida real é a velha e boa grana. Alguns casais até conseguem superar a timidez que ronda o assunto e detalhar quem vai pagar cada despesa. É pouco, dizem especialistas. “É preciso perceber também qual o perfil profissional e econômico do companheiro. Se ele tem dívidas, é gastador compulsivo ou trabalhador. Não tem graça ficar sustentando marmanjo”, aconselha a psicóloga Carmen Cerqueira Cesar.

Mais prático e econômico que o casamento porque não exige cerimônia ou despesas em cartório, morar junto é oficialmente chamado de “união consensual”. E é uma modalidade de relação em crescimento. Na comparação entre dados do censo demográfico de 1991 e 2000, o número de uniões consensuais praticamente dobrou: eram 5,1 milhões em 1991 e pulou para 9,7 milhões em 2000. É quase 28,8% dos casamentos, segundo dados do IBGE.

Mas driblar a burocracia das uniões oficiais não significa que a relação não tenha de ser enxergada como uma espécie de sociedade. E isso não tem nada a ver com falta de romantismo. Pelo contrário: é um tipo de zelo que pode ajudar na duração do relacionamento.

A maioria dos casais decide morar junto no auge da paixão. Ótimo, ótimo, ótimo. Mas melhor ainda se já der para conhecer bem a personalidade do parceiro, seu ritmo e, principalmente, suas manias. Thiago de Almeida, terapeuta especialista em relacionamento de casais, afirma que, no meio do frenesi de uma paixonite, é comum que os namorados disfarcem opiniões, gostos, irritações. Conclusão: você pode dormir com o príncipe e acordar com um sapão. “Quanto maior a transparência, menor a surpresa”, diz Almeida.

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Faça um test drive

Carolina e Diego fizeram um test drive e decidiram que vão mesmo dividir um apê. Agora falta grana para a união rolar

A visão enviesada do parceiro fez com que o relacionamento da bancária M. P., 24 nos, terminasse mal. Antes de juntar as escovas, ela já sabia que o namorado era ciumento, mas achava que as crises possessivas eram provas de amor. Depois que eles compraram apartamento e foram morar juntos, a ciumeira piorou. “Ele mexia nas minhas coisas, no meu celular, na bolsa. Passou a achar que era meu dono.”

Pequenos test drives de intimidade podem ajudar a avistar o parceiro mesmo com as lentes da paixonite. “É importante criar situações de intimidade: passar um fim de semana viajando, fazer viagens mais longas, tudo que ajude a conhecer melhor o companheiro”, sugere Carmen Cerqueira Cesar.

É o que a produtora de moda Carolina Semiatzh, 23 anos, e o músico Diego Cases, 22 anos, estão colocando em prática. Ela dorme vários dias por semana com Diego, na casa da mãe dele. “A gente praticamente mora junto. E já sabemos que nos damos muito bem”, conta Carolina. O casal, que namora há um ano e meio, só não parte para a vida em comum por causa de dinheiro. “Assim que pudermos bancar nossas contas, a gente vai se juntar”, diz Diego.

Pode parecer uma coisa ponderada demais, mas antes de pular no ninho, vale refletir sobre os motivos da decisão de morar junto. É amor mesmo? A professora Fabiana Izuno, 26 anos, por exemplo, confundiu os sentimentos. Dividiu apê com um namorado por um ano e meio, e não deu certo. “Eu tinha 20 anos e estava meio perdida. Hoje sei que resolvi me juntar por carência e não por amor.” Encarar uma união dessas para se livrar da casa dos pais é outra armadilha comum. “É fundamental que a mulher aprenda a se sustentar sozinha, em todos os sentidos. E que fique com ele só por amor, não por necessidade”, diz Carmen. Com todos esses cuidados na hora de arrumar as malas, só resta apertar os cintos e esperar pela sorte.

Fonte: http://gloss.abril.com.br/materia/morar-junto?pagina=2

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